Diário de Bordo - Sérgio

 

10/09/2006

Puxa, nove meses de viagem! Acordamos tarde, fomos para a piscina, passamos todo o dia brincando e tomando banho de piscina. Ensinei para as crianças um jogo que jogava no clube quando tinha a idade deles e poucos jogadores: gol-a-gol! Cada jogador fica em um gol e chuta tentando fazer gol no outro. No início da noite, tomamos banho e fomos para a pracinha da Boa Viagem comer tapiocas. Lá tem uma feirinha e muitas barracas com coisas gostosas. Comemos tapiocas deliciosas, passeamos na feirinha, o Jonas tomou um sorvete e voltamos para o clube.  Fomos dormir cansados!

 

11/09/2006

Acordamos um pouco tarde, mas mesmo assim resolvemos ir para Porto de Galinhas. Só não fizemos o programa corretamente. Saímos tarde, demoramos quarenta minutos esperando no ponto e mais duas horas de ônibus. Mas valeu a pena! O lugar belíssimo! Lembra muito a praia do Forte, com seus recifes próximos à praia e várias piscinas naturais. Quando nos preparamos para mergulhar, despencou a maior chuva, encharcando tudo. Aproveitamos um pouco a praia e então fomos até um restaurante muito fresco, chamado Peixe na Telha. Estavam querendo cobrar até a água para nós, clientes, lavarmos os pés. E ainda teríamos que comer o que eles quisessem, pois não podíamos mudar acompanhamentos dos pratos! Absurdo! Resolvemos sair e fomos num outro muito bom, bem na frente do mar, no final da rua principal à esquerda. Fizemos nossa comemoração do aniversário da Lu em grande estilo. Praia e boa comida! No final da tarde retornamos para o ponto de ônibus e logo o pegamos. Voltamos em uma hora e meia e ainda paramos no Extra para comprar presente das crianças para a Lu. Chegamos no clube bem cansados e fomos tomar banho, mas não havia água no banheiro. Voltamos ao barco, onde a Lu tomou banho de duchinha ajoelhada no banheiro do barco! Dormimos cansados, mas felizes com o lindo passeio. Da próxima vez iremos mais cedo e na hora boa da maré.

 

12/09/2006

Acordei às 4:30 hs para levar a Lu no aeroporto. O táxi já nos esperava às 5:20 hs e logo chegamos lá. Tomamos café e chocolate com pães de queijo e logo ela foi embora (chuiff!). Peguei o ônibus e voltei para o Cabanga. As crianças ainda dormiam e logo preparei o café e acordei-as. Após o café, comecei a lavar roupas. Como a grana está curta e a lavanderia aqui é longe, peguei baldes de água e comecei a lavá-las. O duro é que a torneira é longe do “Fandas” e acabei indo buscar água e enxaguar as roupas nas torneiras do píer. Na segunda lavada, os “vizinhos” emprestaram a mangueira, o que tornou o trabalho mais fácil. Na parte da tarde, fomos visitar a Capitania dos Portos de Pernambuco e conhecer o Capitão-dos-Portos. Como estávamos no centro, passamos no Marco Zero de Pernambuco e vimos os vários prédios antigos do centro velho. Como estávamos na rua, aproveitamos e fomos até o supermercado comprar algumas coisas que faltavam. Tomamos um lanche no mercado e retornamos ao Fandango já meio tarde. Ainda aproveitei para correr atrás de imprimir documentos para a vistoria da Marinha necessária para a regata, que pretendo fazer amanhã. O pessoal da secretaria do Cabanga é muito simpático e nos auxilia em tudo o que precisamos. Estou surpreso com a organização e eficiência deles. Grande parte do sucesso da Refeno cabe à eles. Voltei ao barco e comecei a colocar os diários atrasados em dia.

 

13/09/2006

Acordamos, tomamos um bom café e lavei mais um pouco de roupa. Enchemos o tanque de água do Fandango, que tinha sido enchido pela última vez em Itaparica, com água da bica e fomos comprar extintores de incêndio que estavam para vencer. Substitui todos, pois mudou o tipo de embalagem e prazo de validade. Financeiramente foi muito mais vantajoso (para comprar um novo para 5 anos, me cobraram R$ 40,00; para recarregar um para o prazo de um ano, pediram R$ 20,00). Agora só tenho que me preocupar novamente com extintores daqui a cinco anos. Voltamos ao barco e arrumamos o Fandango para a vistoria da Marinha. Os dois responsáveis pela vistoria foram muito simpáticos e fizeram-na rapidamente. Pediram-me para trocar três coletes salva-vidas e comprar bandagens, soro fisiológico e a Rifocina, que estava acabando. Fizemos nosso almoço (a continuação da lentilha com paio e costela de ontem) e, quando estava quase pronto, apareceram duas moças da ANVISA para fazer a vistoria do barco. Ficamos quase uma hora com elas e resolvemos mais esta obrigação para a Refeno. Após o nosso almo-jantar, conversamos um pouco e fomos dormir cedo, pois o Márcio, um amigão nosso, estará chegando de madrugada de São Paulo para correr a Refeno conosco.

 

14/09/2006

Acordei às 2:30 hs para esperar o Márcio. Ele chegou eram três da manhã. Ficamos conversando no cockpit até amanhecer, contando as novidades. Logo as crianças acordaram também e começaram a conversar conosco. Ganhamos uma máquina fotográfica muito legal dele, para substituir a nossa, que “abriu o bico”. Tomamos um bom café da manhã, conversamos mais um pouco e eu dormi mais uma hora. Levantei, lavei o finalzinho da roupa que havia sobrado de ontem e, então, demos um pulo até a piscina do clube para tomar os excelentes cocos daqui. Fomos até Olinda, onde passeamos, comemos deliciosas tapiocas na barraca da dona Tânia e compramos os coletes salva-vidas novos. As crianças gostaram bastante de lá e pretendemos voltar com mais tempo para ver as igrejas detalhadamente. Voltamos ao clube e fomos para o barzinho tomar cervejas (fazia muito tempo que eu não tomava três latinhas no mesmo dia!), enquanto as crianças brincaram com o último veleirinho que o Jonas fez na piscina. Anoiteceu e voltamos ao Fandango, onde fizemos um ótimo jantar. Tentamos resolver o problema do celular do Márcio, que é da Vivo e que está sem roaming em Recife e depois ficamos algum tempo conversando no cockpit, curtindo o visual do clube à noite. Quando o sono entrou mais forte, entramos e dormimos.

 

15/09/2006

Acordamos eram oito e meia e logo fui fazer panquecas para o café da manhã. O Márcio aprovou-as e comeu um bocado! Fomos tomar um banho de ducha e depois fomos para o “palhoção”, bar onde se reúnem os velejadores, para aguardar a Daniele, da assessoria de imprensa do Cabanga. Ela logo chegou com a equipe da Rede Globo. Fomos para o barco, onde eles nos filmaram e entrevistaram para um programa que vai passar no domingo depois da meia-noite. Ficamos quase duas horas com eles e acho que ficou legal a entrevista. Quem sabe consigamos vê-la no domingo. Quando estava deixando o pessoal da Rede Globo no píer, apareceu o jornalista do Jornal do Comércio. Lá fomos nós para o barco novamente, repetir nossa história para ele. O Celso, muito simpático, perguntou várias coisas e também nos deu dicas de mergulho da região. Após uma hora e meia com ele, quando fomos deixá-lo no píer, apareceram mais dois jornalistas: um repórter e um fotógrafo, de outro jornal. Conversamos um pouco no “palhoção” de novo para deixar o sol abaixar e lá fomos nós outra vez para o barco, repetir novamente as mesmas histórias. Quando eram cinco e meia da tarde, ansiosos por uma piscina, acabamos a entrevista e lá fomos nós para a água. Depois fomos ao mercado, onde aproveitamos para almo-jantar e fazer compras do que precisávamos. Depois das compras, liguei para a Lu para dar os parabéns pelo aniversário. Retornamos ao barco, onde descarregamos as compras e encontramos com os amigos do Nativo. Convidei-os para conhecer o Fandango e lá fomos nós para ele. Ficamos conversando até quase meia-noite, contando e escutando histórias divertidas. Ainda fizemos um lanchinho, à base de pizzas-brotinho, antes de dormir. Fiquei batendo papo com o Márcio até as 3 horas da manhã e então fomos dormir cansados do dia muito cheio.

 

16/09/2006

Mesmo indo dormir muito tarde, oito horas da manhã eu já estava acordado. Levantamos todos, tomamos café da manhã e desci com os coletes salva-vidas velhos para dar ao sr. Hélio, que cuida dos barcos no clube. Vi que a Marinha estava por lá e aproveitei para pegar as coisas que faltaram na vistoria para acabar com as pendências junto à Capitania. Fomos então para a piscina, onde aproveitamos para descansar, conversar e dar mergulhos a tarde toda. No final dela, voltamos ao barco, onde comemos uma torta de camarão, que fez só abrir o apetite. Então resolvemos adiantar uma picanha que era para o jantar. Fizemo-la grelhada na chapa e, para acompanhamento, fiz farofa na manteiga. Ficou muito boa. Retornamos para a piscina, onde, enquanto eu fazia alguns trabalhos, as crianças brincavam na piscina, faziam diários e respondiam e-mail’s. Trabalhamos até as dez da noite. Voltamos ao barco, onde o Márcio dormia, e ainda fizemos um lanchinho batendo papo. Fomos dormir tarde.

 

17/09/2006

Mais um dia de clube e muita piscina! É muito agradável ficar no clube, com muitos velejadores no local. Ainda mais porque os barcos do rali de Salvador até Recife estavam chegando. Logo chegaram vários barcos conhecidos trazendo muitos amigos. Ao nosso lado, após alguma insistência para o dono do barco ao lado abrir espaço, ficou o Radum do Valmir. Descemos para a piscina e ficamos por lá. Conhecemos o pessoal do veleiro Tess, que estão viajando com os filhos há três anos e meio, fazendo uma circunavegação. Tomamos algumas cervejas junto com os tripulantes do Radum e descobrimos que um deles deu aulas de vela para nosso amigo Mauro, de Guarapari. Depois de muito papo, descobrimos que havia uma feijoada sendo servida perto do “palhoção”. Como o preço também era convidativo, atacamo-la! Após a feijoada, fomos ao Fandango e peguei o notebook (quase cai na água com ele na entrada do bote!), voltando à piscina para trabalhar. As crianças haviam levado a bola e ficaram jogando futebol horas com alguns amigos. Consegui atualizar grande parte dos diários e aproveitamos para tomar banho. Voltamos ao Fandango eram mais de onze horas da noite e a tripulação de nosso vizinho “Radum” estava acordada. Nos convidaram para uma cerveja e ficamos bebendo e comendo pipocas (ou “pochoclo”, como um amigo argentino do Valmir ensinou às crianças) até que passou nossa matéria na Globo. Ficou muito legal! Fomos dormir acabados do dia cheio.

 

18/09/2006

Novamente piscina, após o café da manhã. Eu precisava comprar filtros reservas e liguei para um telefone da lista de serviços do clube, passando preços e a marca que eu queria. O vendedor disse que tinha tudo e que entregaria amanhã de manhã no clube. Fiquei então sossegado para curtir o dia. As crianças estavam ansiosas, pois sabiam que o Beduína e Cavalo-Marinho haviam chegado e estavam para entrar no clube. Toda hora iam ver se os barcos já haviam entrado e no começo da tarde eles chegaram. Logo estávamos todos juntos falando de nossas travessias e curtindo a piscina e o toboágua. Só o Jonas não queria descer (ele é meio “travado” para algumas coisas de “ação”). Brincamos bastante até o final da tarde e acabamos jantando num restaurante japonês bom, que foi montado dentro do clube. Ficamos conversando até tarde e depois fomos ao barco descansar. Carol foi convidada para dormir no Beduína e não recusou!

 

19/09/2006

Após o café da manhã, onde comemos um delicioso omelete feito pelo Márcio, me ligou o vendedor dos filtros, dizendo que estava no cais do clube. Fui até lá com o dinheiro. Para minha total surpresa, nenhum dos filtros que ele trouxe era o que eu tinha encomendado! Dois de uma marca que eu nunca havia visto, sendo que um deles ele próprio disse que era mais comprido do que o que eu havia pedido. Nas caixas havia o número de referência dos filtros que eu havia pedido. Esse, que era mais comprido, era justamente o que fica perto da tampa do motor. Ou seja, se fosse mais comprido, eu não conseguiria fechar a tampa do motor direito. O outro filtro, além de não ter nenhuma referência ao que eu havia pedido, estava fora da embalagem. Disse que não queria aqueles filtros e o cara ainda ficou bravo! O valor que ele ia me cobrar só pelos filtros era R$80,00. Um ditado antigo diz que “Quem sai ao mar, se havia em terra”. Se eu fosse com aqueles filtros, não teria sossego. Por outro lado o vendedor foi desonesto não me dizendo que não tinha a marca que eu queria e tentou me empurrar os filtros que ele queria. Fomos para a piscina, resolvi algumas pequenas coisas e saí com o Márcio para comprar os filtros, deixando as crianças brincando com os amigos do Beduína e Cavalo-Marinho. Pegamos um ônibus, andamos um pouco pela cidade e aproveitamos para comprar outras coisas que faltavam. Achei os filtros numa loja idônea e exatamente a marca que eu queria. O preço? Custaram R$ 40,00! Ainda levei três litros de óleo e tudo ficou por R$ 60,00! O Márcio também comprou um presente para o Fandango: uma omeleteira, que também funciona como duas frigideiras. Retornando ao clube, tive o prazer de ver o Jonas ter vencido o medo e começado a descer no toboágua. Pouco tempo depois, o Hugo veio me chamar dizendo que a Carol havia machucado a boca. Fui até a enfermaria e lá estava ela, com um buraquinho lábio, que ia de dentro para fora e um dente um pouco quebradinho! Quando ela estava na piscina, foi girar perto da borda e bateu a boca com tudo nela. Logo ela estava bem e o pequeno corte logo parou de sangrar. Agradecemos o atendimento da enfermaria e a atenção da Gisleine, do Beduína, que estava por perto e socorreu a Carol. Voltei para a piscina e aproveitei o toboágua também (o Jonas estava louco para descer comigo)! No final de tarde as crianças fizeram uma regatinha de barcos de sucata e fomos para o barco preparar o jantar. Depois de prepará-lo, fomos para o Beduína, onde juntamos as coisas e jantamos todos juntos. Ficamos conversando sobre vida, barcos e informática até tarde. Tive o prazer de conhecer o interior do “Beduína” (lindo, espaçoso e confortável!) e o incrível Plânkton, um Vini 42 pés, do Fábinho, barco de alumínio extremamente robusto, mas com uma área vélica enorme! O Plânkton tem um conceito diferente e inteligente, onde a simplicidade impera sem perder o conforto. Os dois barcos fazem e vivem de charter e para quem quiser curtir o mar com capitães capazes e ótimos barcos, são as pedidas certas. Brinquei com as crianças dizendo que o Fabinho queria trocar o Plânkton pelo Fandanguinho e a resposta das crianças foi “Não”! Isso é que é tripulação fiel ao nosso querido “Fandas”!!! A Carol dormiu novamente no Beduína e nós fomos para o Fandango descansar.

 

20/09/2006

Acordei cedo e logo coloquei alguns diários em dia. Nosso café da manhã foi à base de coxinhas que o Márcio foi buscar em terra, no quiosque da Dna. Lindalva. Após o café, fui buscar a Carol no Beduína para fazer os diários e comecei a trabalhar em um monte de coisinhas que precisava fazer, com o Jonas me ajudando. Coloquei um bujão de diesel no tanque principal, separei os bujões que precisavam ser cheios, removi o suporte de motor de popa que havia sido esmagado no CENAB. Levei o Jonas em terra e retornei para esperar a Carol acabar os diários. Enquanto esperava, fui colocando a aparelhagem de balão, mudando a adriça dele de lugar e também passei o balão (deixá-lo desenrolado e pronto para subir). O Hugo do Beduína passou e foi buscar diesel para nós. Era quase uma hora quando a Carol acabou tudo e lá fomos nós para a piscina. Tomei um gostoso banho completo de chuveiro, pois eu estava sujo e suado e depois entrei na piscina com as crianças. O Jonas continuou na faina de fazer barquinhos e me disse que alguém filmou-o enquanto ele fazia isso. No final da tarde, a Silvia, uma amiga nossa de São Paulo, mas que é natural de Recife, apareceu para ver-nos. Ficamos conversando com ela, a filha (chamada Silvia também) e o neto (Guilherme) até começar a anoitecer. Por coincidência (isso existe?), ela encontrou uma moça com quem trabalhou um tempo: a Cecília do Plânkton!!! Houve um churrasco, que foi muito bom e, no final dele, bolos para comemorar o aniversário do Hugo do Beduína! Após os parabéns, deram um jeito de jogá-lo na piscina! Ficamos bastante ali, conversando até de noite, enquanto as “crianças” faziam regatas com os barcos de sucata. O Jonas ganhou a série e ficou todo contente (fizeram premiação e tudo, cujo primeiro prêmio foi um pedaço de bolo do aniversário). Ainda encontrei os amigos do Nativo e ficamos batendo um papo. Quando retornamos ao barco para dormir, sem a Carol, que ficou no Beduína, ainda ficamos conversando no cockpit com os vizinhos do Radum até bem tarde. Fui dormir totalmente zonzo de sono. Como é bom poder simplesmente descer a escadinha do barco e cair na cama quando estamos com muito sono!

 

21/09/2006

Acordamos tarde e fizemos nosso café com o que restava no barco: queijo, manteiga e bolachas. Descemos para terra e logo fomos para a piscina. O Edu, amigo nosso de Ilhabela e nosso outro tripulante para a Refeno, chegou e veio até o clube. Conversamos bastante sobre Ilhabela e sobre a regata. Pegamos os kits dos velejadores, que finalmente ficaram prontos e resolvemos as últimas pendências com o clube. O Edu ficou de voltar mais tarde para o jantar e saiu para conhecer Recife. Conhecemos a simpática Tânia, que está a passeio em Recife e irá depois para Noronha, onde provavelmente a veremos. Fomos para a palestra do Sombra, do veleiro Guardian, sobre sua viagem de dez anos e a vimos. O Márcio aproveitou e comprou um livro dele autografado. Tomamos nosso banho e fomos para o jantar da regata. Comemos muitos salgadinhos (os camarões estavam deliciosos!) e ficamos conversando com todos os amigos do Plânkton, Beduína e Cavalo-Marinho até tarde. A Carol voltou a dormir no Fandango e, antes de dormir, ainda li as instruções de regata. Já estamos todos em clima de regata.

 

22/09/2006

Acordamos e fomos direto para o mercado comprar as últimas coisas. Deixei o Jonas para cortar o cabelo e fomos riscando cada item da lista que faltava. Voltamos para o barco, carregamos tudo para ele em várias viagens de bote e organizamos todas as coisas. Ficamos um pouco na piscina e fui para a reunião de comandantes. Nela, proibições e mais proibições, além das instruções úteis sobre a regata. Jantamos no japonês e fomos dormir cedo. Márcio comprou duas garrafas de pinga para dar de presente e uma delas quebrou no píer quando arrebentou a embalagem. Foi o “presente” de Iemanjá para dar sorte na viagem.

 

23/09/2006

Dia da largada de Refeno! Acordamos com o dia raiando, logo chegou o Edu, e levamos o barco para fora do clube, aproveitando a maré alta. Fomos indo barco atrás de barco e vimos lindas garças descansando sobre os postes de marcação do canal. Ancoramos próximos à largada, tomamos café, mostrei o barco e onde estavam as coisas importantes para o Edu e ficamos arrumando as coisas para a regata, aguardando ansiosos. Dez e meia da manhã levantamos âncora e fomos para a linha de largada. Passamos em frente ao Marco Zero, fazendo o “check in” da regata e aguardamos o sinal de partida, que foi dado exatamente às 11 horas. Largamos bem e fomos saindo do porto devagar, com um vento fraco com rajadas. Quando chegamos na passagem de saída do porto, olhamos para cima e vimos a mestra aberta a uns três metros do tope, da testa até a valuma. Não poderíamos parar ali e fui forçando a orça com barco dessa forma até a bóia norte que teríamos de contornar. Depois dela, teríamos vento favorável e poderíamos mexer na vela. Fizemos dois bordos e, quando chegamos na bóia, a valuma estourou, fazendo com que a mestra não trabalhasse mais nada. Mesmo assim, conseguimos montar a bóia e logo após abaixamos a mestra. Ela não havia rasgado: a costura havia cedido! Eu havia mandado recosturar toda a vela antes de sair da Ilha, mas acho que esqueceram uma delas. Eu e o Edu ficamos duas horas costurando-a, com o Márcio ajudando e o Jonas levando o barco só com a genoa. Víamos passar todos os concorrentes e perdíamos assim, muito tempo de regata. Depois de arrumada (e acho que a costura ficou muito boa), a levantamos e seguimos nosso rumo planejado, orçando mais que os outros. Caso o vento virasse, pegaríamos todo o mundo no final da regata. O vento que, inicialmente estava fraco, aumentou um pouquinho no final da tarde. Fomos velejando bem, fazendo nossos turnos e vendo os grandes barcos, que largaram depois de nós, passando. A noite caiu e a velejada estava muito gostosa, com o vento sempre quente que sopra por aqui. Todos colocamos nossas roupas quentes e levamos o barco noite adentro. Na primeira noite, vimos uma coisa muito curiosa: de vez em quando passavam pelo barco grandes manchas luminosas dentro da água. A primeira me deu um susto, pois era grande como uma baleia e a vi bem ao lado do barco! Não sei o que causava essas manchas, mas vimos muitas delas, principalmente quando chegamos nos quatro mil metros de profundidade (é isso mesmo, quatro quilômetros de profundidade!).

 

24/09/2006

A madrugada transcorreu normal. O tripulação se revezava nos turnos sem precisar estabelecer horários e respeitando os limites de cada um. O Márcio, enferrujado por quatro anos sem navegar, reaprendeu rapidamente a levar o leme do barco. Quando amanhecia, o vento apertou um pouco e a velejada ficou ainda mais gostosa. Fiz a Carol comer e beber um pouco, pois ela dormiu praticamente o dia e a noite inteira de ontem. Começamos a achar pequenos peixes voadores mortos sobre o convés. As crianças já tinham lido isso em vários livros e ficaram esperando que caísse um grande para comê-lo. Velejamos bem o dia inteiro, com o vento um pouco mais fraco e aproveitando o sol gostoso no convés. Passamos alguns barcos nesse dia. Quando anoiteceu, começou a ventar um pouco mais forte e víamos luzes de vários barcos perto de nós. Alguns navios cruzaram nosso rumo e sempre eram chamados pelos navios-patrulha que acompanhavam a regata, pedindo que prestassem atenção e mudassem de rumo. O vento apertou durante a noite e então arribamos um pouco, indo mais em direção à ilha e fizemos ótimas singraduras. Novamente se repetiu o fenômeno luminoso muitas vezes.